20 de outubro de 2014

Procurando as pinturas rupestres em Lajeado (TO)

 Mirante quase próximo ao centro de Lajeado.
Segundo os moradores estas pedras se soltam com facilidade na época das chuvas. Um perigo para quem escala ou está em baixo. Isso nada tem a ver com as pinturas. É só pra estabelecer que o marco zero da partida foi esse.

Perto de uma ponte, depois de cruzarmos duas motocicletas, percebi a gravidade do que havia me metido. O guia improvisado (ele quase não ia ali) me contou como seria a alternativa de visita ao próximo lugar em que encontraria as pinturas caso não quisesse esse. A perspectiva de entrar em uma fazenda, dentro de uma gruta de morcegos e cheia de guano no chão não era apenas desagradável. E se os morcegos decidissem atacar mesmo de dia (uma possibilidade real). Perguntei ao guia se se alimentavam de frutas ou de sangue. A última resposta era a verdadeira. Então o que seria uma legítima vontade de conhecer pinturas arqueológicas estaria me colocando em perigo, ao guia e às outras pessoas. Pisar no cocô, ser sugado ao vivo (em tempos de ebola e outras doenças contagiosas) por esse mamífero alado não estava no roteiro que imaginei. Seria preciso equipamento descartável para entrar na caverna (e nem sei a que distância da entrada da caverna elas estariam). Além disso nem só de morcegos vive uma caverna pois há outros animais peçonhentos entre as pedras. Aceitando a visita na caverna teria de aceitar o risco não só de me tornar um vetor de doenças nem todas conhecidas (nem lanterna estava levando e a carga do celular estava baixa) como de um futuro de potencial discriminação sem nenhum lucro.

Assim decidi me limitar a esse caminho que imaginei ser mais fácil. O sol estava torrando os miolos (bem mais cáustico que em Teresina (PI)).
 Por essa passagem improvisada na cerca à beira da estradinha é que começa o caminho para o rio onde está a pedra com a pintura.
 Nenhum som à vista além das águas rolando em algum lugar mais adiante.
 Não há placas. Que tipo de turismo é esse?
 O guia vai na frente. Não há estimativa de distância clara.
Não dá pra ver na foto mas há uma série de pedras escarpadas para descer. Não há troncos de árvore para se apoiar. Não há plantas rasteiras ou capim firmemente preso à terra que não se solte com meu peso.
Somando-se a isso veio uma notícia desoladora. De manhã a usina hidrelétrica abriu as comportas e aquela hora o volume de água estava alto. Não garantiu que poderíamos ver a pedra porque ela poderia estar submersa.
Não fui informado se há sirenes ao longo do rio para alertar banhistas e barcos da região sobre um possível aumento súbito do volume de água. Realmente não era um produto turístico que eu estava constatando mas um perigo iminente.
Se eu escorregasse, caísse e batesse a cabeça a força do guia seria suficiente para me socorrer? 20 minutos a partir da estrada segundo o guia mas sem garantia de ver a pintura. Talvez volte outra vez mas com muito mais informação e um tênis e roupas mais adequados. Cantil ou garrafas de água são fundamentais. Fiquei a meio caminho e fiquei muito contente com essa escolha. A visita ao local foi meramente exploratória e pude perceber que o incentivo ao turismo ficou mesmo em outra gestão municipal.