26 de abril de 2010

A relativa exposição Einstein

Dando a cara pra tirar a foto, lá fui eu atrás do rosto vazado do painel de "Einstein" no Museu Histórico Nacional (MHN), colocar o meu, pra aparecer naquele espaço, já no final do tempo de visitação. Em uma exposição sobre um físico não dá mesmo pra começar do começo. Abaixo a linearidade, mas acima, a fita identificadora. Agora é assim: em espaços culturais, em que estejam acontecendo múltiplas exposições, alguém vem colocar a fita no nosso pulso pra identificar quem pagou pra qual visitação. Alguns museus (públicos!) têm se posicionado assim. Me gera estranheza a diferença de preço entre um Museu e outro. O direito autoral embutido justificaria por si só o alto preço cobrado? Não fui chamado a participar de nenhuma pesquisa de opinião sobre estas taxas de visitação, nem vi ninguém por aí comentando. Seria interessante, afixar na porta do museu, a composição do preço e na Internet também. Reparou que nessas horas o público não é consultado e não existe enquete sobre o preço da visitação da exposição?
Detalhe: A camisa que aparece na foto é minha e o mousepad também. Tudo isso foi pago por fora, na lojinha do Museu.
Vamos comparar, com outras grandes exposições itinerantes, que freqüentaram os museus cariocas e podemos nos inquietar com este quesito tão ínfimo! Rodin, no MNBA, teve um público numeroso... Alguém dirá: a obra de arte é de mais fácil apelo ao sentimento e não é necessário um grande nível de informação e por isso pode arrastar multidões e Einstein, é um ícone científico, num país que ainda tem muito chão pra percorrer em matemática e física...
Ocorre que em "Einstein" predomina a instalação de simples painéis expositivos -de custo baixíssimo, instrumento largamente usado em qualquer exposição gratuita e pequena que já passou por esta cidade. Cobrar R$ 20 aos sábados, R$ 14 aos domingos é um acinte (e felizes os que têm direito à meia-entrada). O Museu Nacional cobra R$ 3 aos domingos, abre de manhã (10h às 16h e adorei ter visto a exposição PaleoAntar com nossos paleontólogos brasileiros corajosos e inteligentes na Antártida). O MHN só começa a partir das 14h e vai até às 18h nos sábados, domingos e feriados. Tem horas que me pergunto: divulgar a ciência para quem? Como o público vai continuamente melhorar sua aceitação/compreensão científica se o Museu Histórico Nacional não favorece amplamente o acesso a um evento de divulgação das conquistas científicas da pessoa Einstein que tiveram impacto mundial?
A exposição estava mal-sinalizada desde a entrada e cheguei a me perder na sala das carruagens. Houve bons recursos entretanto, vídeos explicativos sobre a velocidade da luz, reunião de instrumentos para contagem do tempo de várias épocas e lugares, painéis com impressão adequada (uma luminosidade ambiente melhor ajudaria). Um dos painéis, no entanto, não indicava na forma de legenda o que era o c2, na famosa fórmula E=mc2, e causou curiosidade em uma ouvinte. Não foi visto nenhum monitor no local, ao que a esclareci devidamente. As obras artísticas interativas estavam adequadas mas as obras de demonstração científica na 1a. parte da exposição estavam quase ingênuas: na tela sensível ao toque, a pressão dos dedos gerava imagens de pequenos buracos negros, que poderiam percorrer aquele universo ao movimento da mão, feita cursor, à espera de caçar algum planeta desgarrado e criar um efeito visual de explosão na tela. Alguns experimentos assim podem servir à desinformação científica, e pelo que constatei, a monitora deste estava mais interessada em comentar o número de explosões que tinha conseguido ao brincar com o experimento, para os visitantes. O experimento era apenas um videogame sem placar na tela. A locomotiva e a bola, os vídeos de naves com relógios contando o tempo de maneira diferente, foram mais instrutivos. Entre o trajeto da primeira parte até a chegada à segunda parte da exposição faltaram setas informando a direção do trajeto. No outro edifício, a parte até mais lúdica, a do painel de Einstein, haviam três monitores para três experimentos diferentes, agindo com boa vontade. Jogar a moeda na mesa preta afunilada me pareceu até mais divertido que assistir ao cinema 3-D. Todos os gráficos da nave 3-D, muito bem projetada, vagueando pelo universo num filme de no máximo 10 minutos, em língua portuguesa, aparecendo como parte natural do filme já mereceu aplauso. Ocorre que a tela em que foi projetada o filme tornou-se um fiasco como opção de suporte de projeção pois me pareceu que o material de suporte estava rugoso e deixou a imagem completamente embaçada. Quanto aos óculos 3-D, isso me lembrou minha sessão do filme de Avatar, em que acompanhei a preocupação de uma espectadora, demonstrando um certo desespero na conversa com um funcionário que recebia os ingressos. Ela queria saber como os óculos estavam sendo higienizados, se os receberíamos dentro de uma embalagem esterilizada. Ela queria ficar segura... Espero que esta tal espectadora tenha sido informada sobre a exposição "Einstein" e que ela a tenha visitado. Ela certamente iria esbravejar ao ver os óculos destinados ao filme, reunidos e reutilizados, sem nenhuma preocupação, dentro de uma caixa sem assepsia, na entrada do cine 3-D. Temos que relativizar a preocupação com a saúde também nestes ambientes?
Prolongue este OlhO e rume com advérbio para: http://www.museuhistoriconacional.com.br/mh-2010-001.htm